depois que li o post abaixo publicado me dei conta de que os inocentes do leblon, pra lembrar drummond, estão realmente fora da realidade, vivendo num mundo de manoel carlos, onde o horror só pode ser coisa de novela...
e pensei na angela, faxineira da minha mãe há mais de 20 anos, que perdeu seu filho, assassinado, há um mês.
angela mora em bangu, numa região especialmente violenta, onde os assassinatos cometidos não são reportados n'O Globo.
às vezes ela não pode vir trabalhar por conta do toque de recolher imposto pelos chefes que dominam a região onde ela mora.
às vezes não pode voltar pra casa, pelo mesmo motivo.
já fizeram uma boca de fumo no quintal da casa dela, e ela não teve o que fazer. eles só saíram de lá quando quiseram. ainda assim ela conseguiu criar filhos, netos, família.
há um mês, teve o filho caçula, de 25 anos, assassinado, ele foi confundido com um X9.
"eles matam primeiro, e tiram a dúvida depois."
angela continua morando lá, e é duro dizer que parece resignada. terrível de ver como o ser humano se habitua. me lembrei da mãe do anguinho, um dos meninos do boxe do cantagalo, que riu do meu desespero diante de uma ação policial, e continuou lavando sua roupa no tanque como se fosse natural um helicóptero sobrevoar sua casa apontando uma arma em sua direção.
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