Hoje, lendo n'O Globo o relato de uma testemunha de um assalto no Leblon, me deparei mais uma vez com esta sensação, que faz com que não se acredite que o que se vê é real.
Transcrevo o trecho da entrevista com a vendedora de uma das lojas da Ataulfo de Paiva:
"A rua estava cheia de gente e, por mais que saibamos de casos assim, no momento em que acontece na nossa frente achamos que faz parte de uma cena de novela ou de um filme. Mas depois, quando vimos o homem coberto de sangue, várias pessoas ligaram para a polícia."
Apressadamente alguém vai dizer que são efeitos colaterais de modos de percepção cunhados pela indústria do cinema e da tv - como diante das imagens do ataque às torres gêmeas, tantos duvidaram se não estavam a ver cenas de cinema.
Mas então lembro-me de mim: ao presenciar um acidente terrível, fiquei em estado catatônico, me pondo a imaginar que aquilo que eu estava vendo não estava de fato acontecendo, sendo levada a pensar que eu estava imaginando a cena. O que me despertou no caso foi o som do vidro se espatifando. Microsegundos. Talvez seja mais simples que isso a reação ao horror.
Friday, 9 May 2008
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