Os circuitos de vídeo-vigilância são uma presença cada vez mais comum e naturalizada nos espaços públicos, semi-públicos e privados nas cidades. Sua implantação e disseminação baseia-se em uma retórica de combate ao crime e à insegurança, que produz, a um só tempo, controle e normatizacão dos espaços vigiados. Este fenômeno, guardadas as devidas proporções, é global, e pode ser observado em diversos países ao redor do mundo.
Com esta investigação, que discute possibilidades de apropriação artística dos circuitos de vídeo-vigilância, discutimos não apenas liberdade civil e direito à privacidade, questões sempre em jogo quando o tema da sociedade de controle se impõe, mas também e sobretudo, como se dá a construção simbólica do espaço comum, do imaginário social e da função política da imagem, em um mundo cada vez mais midiatizado.
O grande volume de imagens “da realidade” produzidas hoje parece obedecer a duas lógicas, ligadas respectivamente ao consumo e à insegurança. Por um lado a espetacularização do cotidiano, com a conseqüente transformação da vida em mercadoria. Por outro lado a produção de imagens por circuitos de “segurança” que buscam o “controle” através do dispositivo de vigilância. Para o vigia, a visibilidade está relacionada com desvio. Para o capitalista a imagem está ligada ao lucro. Na busca por uma “poética do cotidiano”, o interesse pelas imagens pode não ser pautado pelo anormal, pelo desviante ou pelo flagrante, mas por um interesse genuíno pelas potencialidades cênicas do espaço comum, ordinário.
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