então.
duas manchetes na banca de jornal da rodoviária de teresópolis comemoravam a compra e instalação de mais câmeras para incrementar a vigilância pública. o jornal nacional e o jornal local, com textos mais ou menos semelhantes, enquadravam as câmeras neste papel de guardiãs das ocorrências, reveladoras de evidências, inibidoras do crime.
"em curitiba o crime diminuiu 43% desde que mais e melhores câmeras foram colocadas em operação".
"mais de 300 câmeras ociosas desde os jogos panamericanos deverão ser incorporadas ao sistema existente no RJ que conta atualmente com 270 câmeras."
certo fastio.
resolvi ler o texto do bill viola na communications #48 que oferece noções mais fenomenológicas e menos policialescas a partir das potências do vídeo. Esta possibilidade de "tudo registrar" é encarada pelo artista não como cerceadora, mas, ao contrário, como libertadora. neste novo estado de coisas, aonde reina a "memória eletrônica", interessa menos pré-organizar as histórias à la hollywood do que deixar que cada um organize as imagens a sua maneira. o advento do video 'pancrator que tudo vê' liberta-nos da educação audiovisual que tende à narrativa clássica industrial americana, e abre nossos olhos ao espetáculo da vida - espaços vazios onde nada especial acontece, vento nas árvores, luzes que se apagam, poesia do cotidiano, beleza do ordinário: o extradordinário buscado pelos sistemas de vigilância acaba revelando o ordinário, emoldurado nas telas de vídeo.
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