Três notícias publicadas no Globo de ontem chamam a atenção para uma reorganização do capital diante das novas ferramentas comunicacionais e tecnológicas. O poder estabelecido de grandes corporações aparece em cheque nestas notícias. Vale colocá-las diante de algumas passagens d' A Vontade de Saber :
Texto de Michel Foucault, retirado da pagina 94 do Historia da Sexualidade:
" A lógica da censura. Supõe-se que essa interdição tome três formas: afirmar que não é permitido, impedir que se diga, negar que exista. Formas aparentemente difíceis de conciliar. Mas é aí que é imaginada uma espécie de lógica em cadeia, que seria característica dos mecanismos de censura: liga o inexistente, o ilícito e o informulável de tal maneira que um seja, ao mesmo tempo, princípio e feito do outro: do que é interdito não se deve falar até ser anulado no real; o que é inexistente não tem direito a manifestação nenhuma, mesmo na ordem da palavra que enuncia a sua inexistência; e o que deve ser calado encontra-se banido do real como interdito por excelência."
1
"Universalizacão da Al Jazeera é via YouTube. "Sem conseguir firmar contratos de distribuição de conteúdo com redes americanas, a programação em inglês da tv Al Jazeera passou a ser veiculada no Youtube. O canal árabe já tem mais de dois mil vídeos disponíveis. Em um ano contabiliza 672,8 mil acessos (...)"
Neste caso a possibilidade de publicação da programação vai direto contra o que Foucault chama de o ciclo da interdição: "(...) Seu instrumento: a ameaça de um castigo que nada mais é do que sua supressão. Renuncia a ti mesmo sob pena de seres suprimido; não apareças se não quiseres desaparecer. Tua existência só será mantida a custa de tua anulação. O poder oprime (...) exclusivamente através de uma interdição que joga com a alternativa entre duas inexistências."
Neste caso não há possibilidade de condenar à inexistência; a menos que se tire o YouTube do ar (fato já ocorrido aqui mesmo no Brasil por breve período como efeito Cicarelli)
2
Iphone será vendido na Alemanha sem contrato "(...) É o segundo país europeu, depois da França, que libera o Iphone de contrato de exclusividade".
Ao não mais obrigar a associação de um produto a um determinado serviço, cai por terra a instância da regra: "o poder seria essencialmente aquilo que dita a lei (..) lícito e ilícito, permitido e proibido. (...) Ele fala e faz-se a regra."
Neste caso, não há mais regra, há liberação.
3
Block buster testa aluguel de DVD a US$ 1 " A blockbuster começou a testar o aluguel de filmes em quiosques por US$ 1 a diária, US$ 3 a menos que em suas lojas tradicionais, (...) A Blockbuster tenta recuperar clientes perdidos para concorrentes que já alugam filmes por US$ 1."
Quando chegará o momento em que a disponibilização gratuita de filmes não será considerada crime? Pensando no Brasil, onde os filmes são feitos com dinheiro público, via isenção de impostos, não deveriam estar disponíveis a este público, que os financiou, sem limites, na rua? Na praça pública. Cine-Ágora. De graça no e-moule. Em quiosques por quantias simbólicas, cinema a 1 real, 50 centavos.
Friday, 23 November 2007
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1 comment:
Aliás acabei de ver o material da TV Morrinho, genial, também salvo da condenação à desaparição graças as novas ferramentas de tecnologia e comunicação acessíveis a todos.
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