Friday, 14 September 2007

o grande chefe


Primeiro comentário: a montagem do filme me lembra, muito Le mépris. O corte, no mesmo eixo, desenquadrando pra lá, pra cá, pra cima, pra baixo, com ou sem raccord, abrupto, brusco, chamando atenção para o mosaico que se está a fazer.

Segundo comentário. Uma sequência dos idiotas. Débeis mentais que se querem amados. Incompetentes que se acobertam uns aos outros. Terrenos neutros- zoológico, cinema, carrossel, armazém de jardinagem. O chefe que não se assume enquanto tal, omisso, panicado, carente e sacana. A gostosona que quer dar para o chefe, a ingênua que quer casar com o chefe, o injustiçado que teve as idéias roubadas pelo chefe, o manipulado, o humilhado, o protegido. A comédia do poder de Trier - a de Chabrol não vi ainda - me pareceu uma peça da cia. dos atores. Um tom de loucura, distanciamento crítico, atuação dentro da atuação, os papéis de espelhando ad infinitum fazendo pensar toda a palhaçada do mundo dos chefes, subchefes, gerentes, chefes dos chefes. Inteligência absurda, lhôca, subvertida, sem afetação, só chutando o balde mesmo.

Terceiro comentário - Não saber o que os outros pensam de si, desconhecer um passado comum que o outro conhece, tatear no escuro tendo que fazer improvisações, teatro do improviso coletivo, contratos em guardanapos sujos de picolé, amendoins com casca e medo de fotocopiadora. Genial.

S1m!

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