Primeiro: porque só tem legendas para as falas em inglês e não para as falas em dari?
Segundo o próprio AO, porque o inglês é o significado, o poema precisa ser compreendido, e o dari é o significante, é a sonoridade do idioma, e não o que é dito o que está em jogo.
Pergunto: mas e quem sabe dari?
AO: é, quem sabe dari vai entender.
Uma língua é sempre significado e significante, este par não se desassocia simplesmente pela presença de uma legenda. Inglês também é sonoridade, a fleuma de Alec Guiness, para além do que ele diz, é também significante.
E o dari é também significado, nós é que somos ignorantes para ele - e aqui me recordo de JLG, se não me engano em Vladimir e Rosa: "você sabe tcheco? Então é bom aprender, porque a partir de agora o filme vai ser sem legendas."
A meu ver seria mais radical não ter legenda alguma. Até porque as legendas são, elas também, significados e significantes. Traduzem o texto mas se inscrevem na tela, são uma intervenção gráfica sobre a imagem.
Lembrando que temos 04 tipos possíveis de espectador (independente de suas nacionalidades):
os que entendem inglês e dari
os que entendem inglês mas não entendem dari
os que não entendem inglês, mas entendem dari
os que não entendem nem inglês e nem dari
(Lembrando ainda que há ainda os que são surdos e precisam de legendas, mas no mesmo idioma da fala, para "ouvir" o que está sendo enunciado.)
Em suma: para mim não faz sentido presença de legendas em outro idioma - no nosso caso o português.
Segundo: porquê não há crédito para o som no início da fita? Há crédito para Direção, Fotografia e Edição. Não há crédito para som, mas o som é o filme tanto quanto as palavras escritas e as imagens mostradas.
Tive a oportunidade de expressar estes pontos para AO, graças à querida Ivana.
Foi aí que me dei conta do terceiro ponto, mais prosaico que os dois anteriores: Artur Omar é um nome duplo, tipo Pedro Paulo, como explicou a Ivana. ;-)
Em tempo: Os Cavalos de Goethe é experiência sensorial, filme expelimental, pra usar o conceito que ouvi uma vez do próprio AO, em debate no CCBB, século passado. Nunca esqueci.
Merci AO. Vejam o filme.
Os Cavalos de Goethe PROGRAMAS ESPECIAISARTHUR OMAR BRASIL - RJ / BRAZIL - RJ 70', cor, BETA DIGITAL, 2011 Diálogos: DIÁLOGOS EM PORTUGUÊS E INGLÊS / PORTUGUESE AND ENGLISH DIALOGUES Legenda: LEGENDAS EM PORTUGUÊS / PORTUGUESE SUBTITLES |
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Um documentário experimental contendo cavalos, homens e uma imagem da guerra encarnada em quadros que se movem aos milímetros. Combates entre cavaleiros suspensos no tempo, filmados no Afeganistão em 2002. Através de um prisma, a teoria das cores de Goethe informa sobre a relação entre luz e escuridão, entre a história e o esquecimento, entre a morte e a resistência do instante. O olho do espectador é chamado ao tribunal da percepção histórica.
R: ARTHUR OMAR | DF: ARTHUR OMAR | C: ARTHUR OMAR | SD: ARTHUR OMAR | M: EVÂNGELO GASOS, ANA DANTAS | Mu: ARTHUR OMAR, QUARTETO 2 DE MORTON FELDMAN | Es: ARTHUR OMAR | P: ARTHUR OMAR | PE: ARTHUR OMAR | CP: CORTEX DIGITAL |
2 comments:
texto sobre o filme por carlinhos albertinho de mattinhos: http://carmattos.wordpress.com/2011/04/05/muybridge-barbaro/
Olá...estava a procura de link para assistir na web, pois fiquei sabendo do video agorinha...
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