Thursday, 12 August 2010

Avançando a reflexão

Muitas questões éticas sobre a obra no espaço público.
É muito diferente fazer este trabalho dentro de um espaço fechado como a Caixa Cultural, o Circo Voador, ou a ECO, de realizá-lo no meio do caos do espaço aberto do Largo do Machado.
Me parece que a questão da vigilância sobre o espaço público, do monitoramento das ações, dos transeuntes e do televisionamento disto tem que ser muito mais problematizada e em um grau bem mais depurado do que o simples ato performático, estético, e mesmo brincalhão onde me situei até aqui.
Assim como os comerciantes estão colocando suas câmeras, nós, artistas, estamos colocando nossas câmeras.
O discurso dos comerciantes é claro: "não pegue as mercadorias sem pagar pois estamos de olho em você"
O discurso dos condomínios fechados é claro "só entre aqui após se identificar e se for autorizada a sua entrada"

E o nosso?

O Alex Cassal, certeiro, pergunta via e-mail (reproduzo trechos):

Estas propostas "invisíveis" que interferem com os passantes tem que ser colocadas sob uma perspectiva ética. As pessoas estão ali vivendo as suas próprias vidas, com suas preocupações e necessidades, e não se ofereceram para participar como figurantes em um trabalho de arte. Não falo de direito de imagem, mas em usar pessoas sem lhes dar nada em troca, sem lhes dar a opção de não participar da cena. No fim das contas, é a mesma lógica utilitarista das pegadinhas televisivas, do telemarketing e dos paparazzis.
Em termos de sustentabilidade, o que este trabalho está devolvendo ao meio-ambiente, o que ele oferece às pessoas que participam dele sem saber?

Marquei domingo um encontro com a Beth Formaggini, cabeça incrível, que já trabalhou com TVs comunitárias e viu no nosso projeto uma forma de mobilização da comunidade, vamos pensar algo mais potente para nossa dramaturgia...

Marquei para terça feira um teste com câmera IP, finalmente, eu já estava aflita deste aspecto técnico fundamental estar relegado a segundo plano, diante de tantas questãs!

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