Inicio minha apresentação no ABCiber mostrando algumas imagens de trabalhos de live cinema que realizei, nos quais técnicas de improvisação de teatro e dança nortearam as criações com circuitos de vídeo em espaços públicos.
Em seguida apresento algumas imagens do trabalho que estou desenvolvendo atualmente, no qual, inversamente, é a cena de teatro que está sendo contaminada pela presença do circuito de vídeo, incorporado ao palco.
As composições para circuito de vídeo-vigilância consistiram em uma série de performances de cinema ao vivo que apresentei no Rio em 2008, em 4 ocasiões distintas. Embora fossem realizadas em locais diferentes, todas partiam de um mapeamento físico do espaço, integrando a geometria e a geografia deste espaço à proposta. As imagens captadas pelas câmeras eram ligadas a uma mesa de corte instalada na sala de projeção, e ao espectador cabia decidir se as assistiria por meio da edição efetuada ao vivo pelo operador/vigia (em cena abaixo da tela de cinema) ou se adentraria o circuito de imagens percorrendo o espaço vigiado.
Este estudo de formas de ocupação cênica das zonas vídeo-vigiadas foi empreendido por um coletivo de colaboradores, entre alunos, técnicos e atores, e se pautou pelo levantamento dos fluxos de movimento, dos comportamentos habituais, e das práticas cotidianas observadas nos locais sob vigilância. As relações espaciais dos corpos com este espaço e a possibilidade da criação de micro narrativas convivendo nos ambientes vigiados – trabalhamos com no mínimo 4 câmeras distribuídas no entorno da sala de projeção – orientaram os trabalhos.
Estas formas de ocupação do espaço foram construídas a partir de técnicas de improvisação teatral e de dança, onde buscamos produzir acordos coletivos em consonância com o que acontece no ambiente aonde a performance se dá – não circunscrito a um palco ou espaço de espetáculo, mas acontecendo em espaços públicos e de circulação.
Como resultado foram desenvolvidos, junto ao grupo de performers, repertórios de ações, produzindo relações de espelhamento, perturbação, repetição, fantasia, banalidade, risco, riso, entre tantas outras possibilidades, ampliando a percepção da imagem de vigilância para além das esferas policiais, do marketing e do reality show.
Embora a intenção inicial do trabalho fosse trabalhar uma estética de vigilância, com seus tempos mortos em diálogo com o conceito de imagem-tempo de Deleuze, em diversos momentos prevaleceu uma lógica espetacular na produção de movimentos e sentidos, e a busca por uma poética do cotidiano se fragilizou.
A pesquisa desdobrou-se então por outros caminhos, não mais necessariamente com imagens sendo geradas ao vivo.
Jogo dos 7 erros, trabalho desenvolvido a partir de uma oficina do Dança em Foco, é o primeiro trabalho produzido nesta virada.
Pane na temporalidade da imagem: ela é sempre agora-e-antes: ao vivo impossível! pista para trabalhar c/ hierarquias temporais alteradas.
A questão fundamental é que a imagem, seja na tela ou no monitor, é um lugar irremediável de ficção > sobretudo quando se quer “ao vivo”
O lugar da imagem: é não-aqui, mesmo sendo aqui. Quando se enquadra o espaço, a imagem surge como um outro, como estranha.
a realidade ganha um status de estranheza pela imagem > mise-en-scène como mise-en-doute #Comolli
Estas questões me levam hoje a investir mais em técnicas cênicas do que cinematográficas e aí a situação se inverte: a cena não está dentro do monitor, é o monitor que está dentro da cena. Mas a cena está dentro do monitor também, então a pesquisa entra em espiral.
Corte-Seco
A imagem não como espaço da encenação; a imagem no centro da encenação. Jogo entre o proscênio e o que está fora da cena > ob-sceno.
A presença do monitor/ tela em cena : o que ativa? Aonde está o foco da atenção? Para onde olhar? Qual a necessidade da imagem? Saturação?
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