A resenha abaixo é da wikipedia.
"Irmã mais jovem do matemático André Weil, Simone nasceu numa família judia não-praticante; ela e o irmão cresceram agnósticos. Revelando precocemente uma inteligência notável e uma personalidade excêntrica (recusava-se freqüentemente a comer por razões "idealísticas" e estava determinada a permanecer virgem), Simone já falava grego arcaico aos doze anos de idade. Aos 15, obteve um bacharelado em filosofia e passou três anos preparando-se para o concorrido exame da Ecole Normale Supérieure sob a supervisão do filósofo anticonformista "Alain" (que a apelidou - por causa das roupas estranhas que ela costumava usar - de "Marciana"). Uma das primeiras mulheres a estudar na instituição, existem controvérsias se ela teria se formado em primeiro (segundo algumas fontes) ou segundo lugar (conforme afirmam outras). Todavia, todas as fontes são unânimes em afirmar que ela graduou-se imediatamente à frente de outra Simone - a de Beauvoir.
Durante suas férias de verão em 1932, Simone viajou até a Alemanha para descobrir por si mesma porque o partido nazista estava subindo ao poder. Na volta, ela escreveu "L'Allemagne en attente" ("A Alemanha à espera") para o jornal sindicalista La Révolution Prolétarienne, e a série em dez partes "La situation en Allemagne" ("A situação na Alemanha") para o L'École Émancipée, órgão do sindicato dos professores. Para horror de seus colegas comunistas, às voltas com a contra-revolução stalinista, Weil argumentou que o capitalismo estatal, centralizado e burocrático da Rússia, era em todos os seus principais aspectos, indistinguível do programa fascista. Seu artigo herético "Allons-nous vers la révolution prolétarienne?" ("Estamos realmente a caminho de uma revolução proletária?"), publicado nesta época, insistia que a maioria dos assim chamados revolucionários estava, na melhor das hipóteses, perigosamente equivocados, e na pior, eram mártires em busca da morte. Talvez, como ela observou posteriormente, "não é a religião, mas sim a revolução, o ópio do povo
Em 1934, Simone licenciou-se por dois anos do magistério para tentar viver como e entre operários. Todavia, sua resistência física só lhe permitiu levar o projeto até agosto de 1935, quando, trabalhando na linha de montagem de carros da Renault, caiu doente com uma inflamação na pleura. O "Journal d'usine" ("Diário da fábrica") que ela manteve durante esse período observa que "a exaustão me fez esquecer finalmente as verdadeiras razões pelas quais estou na fábrica; ela faz quase invencível a tentação que esta vida traz consigo: não mais pensar". Ela ficou tão traumatizada por sua experiência fabril, que abandonou imediatamente quaisquer noções românticas que ainda tivesse sobre o proletariado e sua (ou de quem quer que fosse) habilidade para ajudá-lo. Ela descobriu que a opressão não resulta em rebelião, mas em obediência e apatia - e até mesmo na internalização dos valores do opressor.
Em julho de 1936, com a eclosão da Guerra Civil Espanhola, Simone juntou-se à causa republicana. Mesmo sendo míope e frágil, recebeu um rifle e foi incorporada a uma unidade de anarquistas. Sem nenhum preparo para a vida militar, ela quase que imediatamente enfiou o pé numa panela de óleo fervente e teve de ser resgatada por seus pais, que a mandaram para Assis, na Itália, para recuperar-se. Desanimada com as atrocidades que havia visto seu próprio lado cometer, Simone reafirmou seu pacifismo.
Ela escreveu "Ne recommençons pas la guerre de Troie" ("Não vamos recomeçar a guerra de Tróia") para a revista Nouveaux Cahiers, lamentando que, "embora vivamos entre realidades mutáveis, diversas e determinadas pelo jogo volúvel de necessidades externas, agimos, lutamos, sacrificamos a nós e a outros em nome de abstrações cristalizadas, isoladas" (como nação, capitalismo, comunismo e fascismo).
Forçada a parar de lecionar por causa de constantes enxaquecas, Simone tornou-se crescentemente obcecada por questões metafísicas. Em acréscimo ao seu conhecimento enciclopédico que ia da poesia de Homero às últimas descobertas em teorias matemáticas, ela começou a estudar os maniqueus, gnósticos, pitagóricos, estóicos, taoísmo e budismo. Devorou o Livro dos Mortos egípcio, e ficou tão impressionada com o Bhagavad Gita que começou a aprender sânscrito por conta própria.
Em abril de 1942, ela deixa seus diários com Thibon e emigra para os Estados Unidos, de onde começa a planejar seu retorno à Europa. Escreve para o governo provisório francês exilado em Londres, expressando sua ânsia em pular de pára-quedas sobre a França ocupada numa "missão secreta, preferivelmente perigosa". Também começou a escrever uma nova série de diários, que Albert Camus, que a chamava de "o único grande espírito do nosso tempo", eventualmente publicou como "Cahiers d'Amerique" ("Diários da América") na coleção "La Connaissance Surnaturelle" ("Conhecimento Sobrenatural"). Valendo-se dos seus contatos, Simone finalmente conseguiu ser chamada à Londres, onde viu-se encarregada de analisar todas as sugestões de como organizar a França depois da guerra. Desapontada com o nacionalismo antiquado dos gaullistas, logo renunciou ao cargo, e afirmando que não tinha o direito de comer mais do que seus camaradas na França ocupada, deixou-se passar fome até que teve de ser hospitalizada.
Depois de sua recuperação, ela fez um último esforço para compilar suas idéias sobre a tão sonhada "sociedade sem opressão". O resultado é "L'Enracinement" ("A Necessidade de Raízes"), a qual o poeta e crítico Kenneth Rexroth, por exemplo, dispensa como um produto da "agonia intelectual e espiritual, espasmódica e moribunda" de sua autora. Apesar do tom histérico, Simone reafirma seu posicionamento: antes que a sociedade possa ser regenerada, devemos reconhecer que cada problema social é um sintoma de uma profunda "desenraibilidade" (um estado "mais ou menos similar à vida puramente vegetativa"), produzida por - naturalmente - dinheiro, "mecanismo", ciência e tecnologia divorciadas da vida e o uso da força. A política deve ser algo mais do que impor uma ideologia sobre a tática particular de um grupo social que queremos levar adiante, conclui Simone. Deveria ser uma reflexão inteligente sobre a realidade, conduzida por pensadores profundos.
Pouco depois de terminar "A Necessidade de Raízes", ela escreveu em seu diário: "dado o dilema geral e permanente da humanidade neste mundo, comer até que se esteja saciado é um abuso (E eu tenho sido culpada muitas vezes.)". Aparentemente abraçando o ideal cátaro de morrer antes de sucumbir às tentações da carne e ao desejo de poder, Simone recebeu um diagnóstico de tuberculose em abril de 1943. Enviada para um sanatório no campo, recusou-se a se alimentar, insistindo que suas refeições deveriam ser mandadas para a França. Morreu de parada cardíaca aos 34 anos de idade no Sanatório Grosvenor, em Ashford, Kent. Uma rua da cidade foi batizada com o seu nome."
No comments:
Post a Comment