Wednesday, 2 January 2008
com a palavra, Diderot - 1749
Je lui demandai ce qu'il entendait par un miroir : « Une machine, me répondit-il, qui met les choses en relief loin d'elles-mêmes, si elles se trouvent placées convenablement par rapport à elle. C'est comme ma main, qu'il ne faut pas que je pose à côté d'un objet pour le sentir. » Descartes, aveugle-né, aurait dû, ce me semble, s'applaudir d'une pareille définition. En effet, considérez, je vous prie, la finesse avec laquelle il a fallu combiner certaines idées pour y parvenir. Notre aveugle n'a de connaissance des objets que par le toucher. Il sait, sur le rapport des autres hommes, que par le moyen de la vue on connaît les objets, comme ils lui sont connus par le toucher du moins, c'est la seule notion qu'il s'en puisse former. Il sait, de plus, qu'on ne peut voir son propre visage, quoiqu'on puisse le toucher. La vue, doit-il conclure, est donc une espèce de toucher qui ne s'étend que sur les objets différents de notre visage, et éloignés de nous. D'ailleurs, le toucher ne lui donne l'idée que du relief. Donc, ajoute-t-il, un miroir est une machine qui nous met en relief hors de nous-mêmes. Combien de philosophes renommés ont employé moins de subtilité, pour arriver à des notions aussi fausses ! mais combien un miroir doit-il être surprenant pour notre aveugle ? Combien son étonnement, dut-il augmenter, quand nous lui apprîmes qu'il y a de ces sortes de machines qui agrandissent les objets ; qu'il y en a d'autres qui, sans les doubler, les déplacent, les rapprochent, les éloignent, les font apercevoir, en dévoilent les plus petites parties aux yeux des naturalistes ; qu'il y en a qui les multiplient par milliers, qu'il y en a enfin qui paraissent les défigurer totalement ? Il nous fit cent questions bizarres sur ces phénomènes. Il nous demanda, par exemple, s'il n'y avait que ceux qu'on appelle naturalistes qui vissent avec le microscope et si les astronomes étaient les seuls qui vissent avec le télescope ; si la machine qui grossit les objets était plus grosse que celle qui les rapetisse ; si celle qui les rapproche était plus courte que celle qui les éloigne ; et ne comprenant point comment cet autre nous-même que, selon lui, le miroir répète en relief, échappe au sens du toucher : « Voilà, disait-il, deux sens qu'une petite machine met en contradiction : une machine plus parfaite les mettrait peut-être plus d'accord, sans que, pour cela, les objets en fussent plus réels ; peut-être une troisième plus parfaite encore, et moins perfide, les ferait disparaître, et nous avertirait de l'erreur. »
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5 comments:
Nem todo o pensamento grego leva à radicalidade este modo optico de pensar. Heráclito, por exemplo, acentua o elemento da escuta como base do saber.
a filosofia que permite a escuta autêntica, como em Heráclito, foi abafada pelo pensamento que se firmou com a metáfora visual, a teoria. De Platão a Descartes, Kant e a maior parte da filosofia, pensar significa “ver”
Diz Heidegger : “Desde a Antigüidade até Kant e Hegel, a intuição representa o ideal de todo conhecimento”. O termo usado por Heidegger, “Anschauung” tem correspondência com a “theoria” grega e com o “intuitus” latino, golpe de vista. Esta referência une-se de modo imediato ao pensamento especulativo, especular. “Intuitus”, ato de olhar, se nota diretamente na idéia da mente como espelho, “intuitio” sendo a imagem refletida e “speculator”, o pesquisador que observa,
compartilhando o mesmo vocábulo de “espião”. “Intueor” marca o olhar atento, o fato de observar, penetrando as coisas.
A optica moderna autonomiza-se face à visão enquanto tal e passa a conceber-se como ciência objetiva da luz, a qual encontra na geometria a linguagem adequada e segura. Esta ruptura da solidariedade entre a visão e o visível invoca a distinção entre o fenômeno da consciência e a sua causa exterior, correlata, no plano optico, da distinção gnosiológica entre sujeito e objeto.
Joana Belarmino de Sousa diz:
A "mundividência tátil" é o próprio complexo tátil. Com a concepção, eu quis aproximar-me de um conceito desenvolvido pelo biólogo alemão Jakob Von Uexküll, ou seja, o conceito de "Umwelt". Para ele, todo organismo vivo possui um meio ambiente particular no qual se move, aliado a um mundo interno particular, um modo próprio de estar, perceber e aprender o mundo, determinado por suas condições biológicas, que influenciam na construção da apreensão/cognição do mundo à sua volta. Ora, o sujeito cingido pela condição da cegueira serve-se fundamentalmente do complexo tátil para apreender e objetivar o mundo à sua volta, o que nos leva a pensar na "mundividência tátil" como uma espécie de subconcepção particular da concepção de "Umwelt", esse importante conceito criado por Uexküll para compreender como as espécies vivas movem-se no mundo e o compreendem.
A "mundividência tátil" é a chave cognitiva privilegiada das pessoas cegas para a sua apreensão, compreensão, o seu estar/perceber o mundo. Isto não pode ser ignorado pelos programas pedagógicos, os programas artístico/culturais, sob pena de se estar promovendo a exclusão desse "mundo relevante tátil" no processo ensino/aprendizagem. A história tradicional da educação dos cegos revela uma tentativa para uma espécie de homogeinização das práticas pedagógicas, tentativas de aproximação das estratégias de instrução geral desses indivíduos, àquelas que foram pensadas para as pessoas que enxergam. A educação tradicional quase nunca se preocupou em estabelecer no cotidiano da pedagogia o diálogo entre "mundividência tátil" e o mundo da visualidade.
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