De Beto Brant, 2005
muito grata por ter chegado a este filme pelos olhos de carolina, querida e aplicada aluna.
a questão do olhar, do desejo, da representação e da arte são no filme abordadas de maneira muito perspicaz. cheio de entrelinhas, enredamentos, um filme que é um mapa, com diversas estradas abertas.
aqui reproduzo um trecho do trabalho nota 10 elaborado por carolina, a partir deste filne, para o final do curso:
"Antônio observa os detalhes da decoração do quarto e mais uma vez o espectador compartilha de seu ponto de vista, até o momento em que é visto de costas, sozinho, voltado para uma cortina em um plano fixo que enquadra todo o cômodo. Nesse mesmo plano, Inês abre a cortina, mas o plano que ocupava continua mantendo os dois separados, como se Antônio observasse sua encenação e procurasse dar sentido a ela. Seus corpos permanecem distribuídos dessa forma enquanto Antônio é inquirido por Inês, reservando-se a emitir opiniões tímidas até que é convidado por ela a adentrar seu cenário e participar da ação, até que ela, emocionada, desmaia em seus braços. Ao ultrapassar a simbólica cortina, Antônio abdica dos privilégios de observador e assume os riscos de entrar em cena, agora assistido pelo espectador que assume o papel de voyeur.
Antônio começa a envolver-se emocionalmente com Inês, especialmente após saber que ela é modelo de um artista plástico que usa seu apartamento como ateliê, descoberta que o faz perder o comportamento frio e racional que expunha até então, e que culmina com o crime aludido no título do filme. A cena do crime, ambientada no apartamento de Inês, é dessa vez observada da posição do voyeur assumido pelo espectador, protegido dos olhares por sua invisibilidade e na posição ideal do juiz que supostamente testemunha os fatos sob a forma real. Dentro do quadro limitado por um plano fixo que mantém uma distância respeitosa capaz de mostrar outros elementos da cena, de forma semelhante à posição do olhar do espectador teatral, desenrola-se o crime delicado cometido por Antônio, que força Inês a fazer sexo com ele."
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3 comments:
JP SARTRE: Toda imagem é significação: mas isto porque toda percepção é juízo. - pg 108 A imaginacão in os pensadores.
Ei Paola, vim parar no seu blog flutuando desde um comentário que imaginei ser seu num post sobre alain bergala e o cinema na escola! será alguma maquiavelia do google? estampaste um sorriso no meu rosto com seus elogios que poderiam ser perfeitamente dirigidos a você, querida e dedicada professora!
Fui parar no Bergala pq estou dando aula de cinema em um projeto no CAp da UFRJ, mas isso é conversa pra mais caracteres!
Um beijo!
carol! que jóia!
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